
quinta-feira, 19 de março de 2020
Macumba Respeitamos ou tememos?!
Meu tio Rodhen sempre foi um cara brincalhão, mesmo quando se tratava de algo serio ou até mesmo perigoso, ele sempre buscava encontrar no seu senso de humor alguma segurança e tranqüilidade para tudo.
Houve uma vez, mais ou menos quatorze anos atrás, ele ainda bastante jovem, teve que viajar para uma cidade do interior para assistir um destes eventos locais. Sua mãe (vovó) só chegaria no dia posterior, então ele teria que dormir na casa de Dona Zefinha.
Ele disse que ela já era uma senhora idosa, mas muito gentil; sempre que eles viajavam para este interior, comumente era na casa dela que eles ficavam.
Meu tio havia levado pouca roupa, então tomou banho somente uma vez e em seguida foi assistir tevê. Ele e dona Zefinha conversaram um pouco. Zefinha disse que iria deitar-se um pouco e pediu que ele a chamasse caso a filha dela chegasse do trabalho. Meu tio se propôs a fazê-lo e dona Zefinha se foi; não demoraram segundos e ela retornou, e pediu que ele não mexesse nas oferendas que estavam sobre a mesa. Dona Zefinha era umbandista e sabendo do jeito galhofeiro do meu tio resolveu alerta-lo com antecedência. Ele sorriu e disse que podia ficar despreocupada que ele apenas veria tevê e não faria nada mais.
Dona Zefinha foi para o quarto e meu tio ficou na sala. Lá pelas tantas da noite ele começou a sentir fome, olhou para mesa e viu algumas pipocas dentro de uma vasilha estranha. Levantou-se e foi até elas:
– Uma pipoca não vai fazer falta pro santo.
Sorriu e pegou algumas... Estavam deliciosas, eram pipocas feitas no azeite de dendê. Em seguida levantou-se novamente e pegou mais algumas; como estava distraído olhando para a tevê deixou cair metade do conteúdo no chão. Assustou-se vendo a sujeira que havia feito, foi sorrateiramente até a cozinha, pegou uma vassoura e começou a varrer. Pegou uma folha de papelão e a usou como pá, em seguida juntou as pipocas e colocou-as novamente na vasilha, mesmo com areia, poeira e outras sujeiras do chão.
Sentou-se no sofá e voltou a ver tevê. Não demorou muito e ele sentiu um vento gélido na orelha esquerda. Sentiu os cabelos da nuca se eriçarem. Olhou para o lado e não viu ninguém, pensou em chamar dona Zefinha, mas sem dúvida ela descobriria que ele havia aprontado alguma; o jeito era aguardar Marlene (Filha da dona Zefinha) chegar do trabalho e pedir a ela algum auxilio. Olhava para tevê, mas não conseguia se concentrar.
Começou a sentir um enjôo, sentia uma pressão na boca do estômago, era como se as pipocas quisessem voltar de seu estômago, foi até o banheiro e tentou vomitar, mas quando forçou a goela, o que saíram não foram às pipocas e sim palavra.
- Agora acabo mi zifin! Tu és minha oferenda.
Meu tio começou a chorar, disse que era horrível aquela sensação, sentiu um pânico jamais sentido em toda a vida. Como aquelas palavras podiam sair de sua boca sem seu consentimento?
Sentiu a boca adormecer e os lábios contraírem-se, começou a gargalhar e a girar o corpo em sentido anti-horário, já não tinha mais controle sobre ele mesmo.
Sentiu algo gelado em seus braços e mesmo com a visão embaçada ele pode ver o rosto da Dona Zefinha; ela passava algumas folhas em seus braços e dizia coisas que ele não conseguia ouvir. Ele só lembra dela dar-lhe uma tapa na testa e ele apagar.
Acordou e estava deitado do lado de fora da casa, lá estavam dona Zefinha e mais um senhor negro e junto a ele havia rapaz moreno vestido de branco. Dona Zefinha conversava com o senhor negro. Meu tio estava deitado de barriga pra cima, e com os olhos semi-cerrados ele os olhava.
Dona Zefinha disse alguma coisa tipo:
- Deixa esse minino, ele não fez por mal... deixa ele. Prometo que farei uma nova oferenda, ainda melhor.
Meu tio disse que o rapaz moreno olhou diretamente para ele, pegou um chapéu branco e pôs sobre a cabeça. Sorriu com um olhar mergulhado no seu, com olhos que mais pareciam duas covas mirando meu tio respondeu:
- Toma cuidado moleque, ainda volto pra te ensinar.
Tio Rodhen disse que o homem caminhou lentamente em direção ao mato e se foi.
Meu tio disse que depois deste dia ele levou uma surra da dona Zefinha, e mais outra quando vovó chegou, ficou todo arrebentado. Bem, naquela época quem mostrava o que era certo ou errado para os filhos eram as mães, e não os psicólogos.
Meu tio sentiu na pele o preço da sua curiosidade. Hoje ainda perguntam a ele:
- Rodhen! Tu tens medo de macumba?
E ele responde:
- Eu não... Eu respeito
Será que ele respeita, ou tem medo mesmo?
Abraços!
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