domingo, 14 de outubro de 2018

A Carta Das Almas



A Quaresma é uma época de meditação e oração, cuja introspecção levou o caboclo de nossa região a reinterpretar seus simbolismos, criando uma aura mística e assustadora. Este período é preocupante, o Tinhoso está a solta tentando os homens, portanto, deve-se tomar muito cuidado.

E foi justamente numa quarta-feira de quaresma após os Cânticos de Alerta num bairro próximo, que Chico Berto, ouviu dos mais velhos a famosa história das cartas das almas. Era corriqueiro ouvir sobre pessoas que pactuavam com o diabo em troca de riqueza e juventude, porém, um único dia do ano, na Sexta-feira Maior, as Almas consentiam tais privilégios à três pessoas de coragem. Todavia, essas três pessoas deveriam buscar as tais cartas no cemitério e em seguida enfrentar as diabruras das trevas, se persistentes e ilesos receberiam as dádivas pretendidas. Chico Berto, ficou inquieto com a história, dormiu mal a noite e noutro dia arrumou dois bravos companheiros, Mané Curió e Tiburtino.

As 23:30h da quinta-feira santa reuniram-se em frente ao cemitério. Muita coragem e um bom litro de pinga nas mãos. Rezaram, beberam, beberam, rezaram e beberam de novo. Quando o sino deu a primeira badalada, estavam os três em frente ao portão, receosos, bêbados e mudos de medo. Em seguida, o portão abriu e um garboso jovem de preto convidou-os a entrar. A coragem dos três quase foi embora, de pernas bambas e de braços dados entraram e vislumbraram todos os túmulos enfeitados, iluminados e o moço de preto conduziu-os até o acendedor de velas. Quando chegaram viram uma criança, como um dos vários anjinhos de pedra que enfeitam os túmulos, era realmente um anjo, que graciosamente entregou um envelope branco a cada um, pegaram e já foram saindo, achando a maior moleza. Mas, foram informados que deveriam comparecer até os fundos da igreja para selar os papéis.

Hummmm! Isso não cheirava bem, caminharam desconfiados e deram de cara com uma criatura, meio homem, meio bode preto, bufando, rosnando, soltando fogo pelas ventas. Quase desmaiaram, Mané Curió, depois de se urinar todo desembestou na carreira, saltando os túmulos como um atleta. Tiburtino foi mais audaz, topou se aproximar, mas quando sentiu uma gelada mão cadavérica tocar-lhe o pescoço gritou para todos os santos e saiu correndo, com uma verdadeira legião de capetinhas atrás de si.

Ficou Chico Berto, que sorveu a última dose de pinga, limpou a boca na manga da camisa, pegou a carta colocou em cima da mesa e pediu para que fosse selada. O diabo, pegou a carta, abriu, escreveu algo e mandou um imenso selo colado a cuspe no papel, entregou ao Chico, que saiu de costas, a passos mansos. Atrás de si ouvia-se um tropel, gritos, palavrões, choros e estouros. Assim foi ele saindo, passo a passo, lívido e suado. Quando enfim saiu, pode respirar melhor, trêmulo e cansado, parou junto a uma pedra, tirou o envelope do bolso e viu um papel branco reluzente e escrito em tinta luminosa como um vaga-lume, a seguinte frase:

-Se quiser ver seus amigos de volta, devolva esta carta.

Chico ficou louco, esbravejou, blasfemou, xingou, pensou em deixar aqueles dois covardes. Mas, eram seus amigos e fora ele quem os metera nessa encrenca, pensou alguns minutos nas riquezas, juventude, enfim....

Desconsolado, deu meia volta e correu para o portão, lá encontrou os dois do lado de dentro e um sarcástico rapaz de preto, pediu a carta de volta. Resistiu, mas viu um abismo se abrindo e o bode vindo, entregou rápido o papel, o portão se abriu e saíram correndo. Pelo caminho, Chico Berto veio batendo nos amigos e insultando-os com todos os palavrões possíveis, até que chamou atenção o suficiente para que a policia chegasse e prendessem os três por embriagues e baderna. Ao relatar o fato a policia, tomou uma surra e uma semana de cadeia por desacato.

Na venda do nhô Pedro, Chico e os amigos contavam o caso com veemência, todos achavam que era mais uma bebedeira de três aventureiros.

sábado, 6 de outubro de 2018

O Médico E O Diabo


Eles estavam buscando uma nova casa e encontraram uma com um cômodo bem singular. Só não sabiam da lenda sobre o antigo morador...

Dona Zilda, viúva de um comandante da Marinha, procurava para ela e seu filho de 32 anos, uma casa para morarem. A casa atual era grande demais para os dois, e ela queria um lugar mais aconchegante. Conheceram quase todos os corretores da cidade, viram desde terrenos até casas novas, mas nada agradava a dona Zilda. Por mais bonita que fosse a casa, ela não sentia aquele arrepio em seu coração. Até que um dia, um dos corretores ligou e disse que havia uma casa com o perfil que ela procurava à venda.
Dona Zilda não se animou muito, afinal todos diziam a mesma coisa, e eram sempre aquelas casas lindas por fora, mas horríveis por dentro, mal repartidas e com cômodos desnecessários, mas não custava nada dar uma olhada.

A casa ficava em uma das ruas mais antigas de Curitiba, e dona Zilda achou o endereço com muita facilidade. Assim que estacionou sua Mercedes, avistou o corretor de pé ao lado de um Uno vermelho. O corretor era um homem alto, de mais ou menos 1,83, muito magro e sorridente. Dona Zilda simpatizava com ele, pois diferente dos outros corretores, ele costumava apontar as defeitos das casas:

- Olá Dona Zilda! O seu filho não veio hoje?

- Bom dia Mauro. Ele não pode vir, tem um jogo de tênis essa manhã.

- Então vamos entrar.

Por fora a casa parecia antiga, não na idade, mas por causa das pedras cinza que faziam total parte da sua construção:

- Bem – disse Mauro – essa casa data de 1892, é uma herança que foi passando de geração para geração, mas claro que ela não é como originalmente, vou lhe mostrar uma pintura.

Dona Zilda assustou-se quando notou que os móveis do antigo morador ainda estavam lá, e eram móveis muito antigos que hoje em dia valem uma fortuna, havia desde cadeiras e sofás da Era Vitoriana, até banheiras sujas e emboloradas nos três banheiros. A casa em si era muito boa, se não fosse por toda aquela tralha deixada para trás. Mas Dona Zilda pensou no bom dinheiro que ganharia vendendo todos àqueles móveis:

- Mauro, quem era o antigo dono? – perguntou Dona Zilda, enquanto entrava em um dos quartos.

- Veja só, essa é uma pintura feita em 1892, no dia exato em que a casa foi terminada – disse Mauro ignorando a pergunta feita anteriormente.

O quadro era enorme, pegava quase uma parede, e retratava dez pessoas na frente de uma casa, que para Dona Zilda, parecia ser a de algum filme em preto e branco. O quadro era tão perfeito que parecia uma fotografia, e os pelos do braço direito de Dona Zilda arrepiaram-se.

O tour pela casa continuava, e agora Mauro falava sobre a quão boa era a estrutura da casa, e como os encanamentos eram novos, mas Dona Zilda se sentiu atraída por um cômodo em particular. Era uma porta feita de madeira com detalhes maravilhosos de anjos e demônios, uma porta que parecia ter sido feita por Michelangelo, os entalhes lhe lembraram de sua viagem a Florença:

- E este quarto? – perguntou ela ao corretor.

- Bem, esse era o quarto do antigo dono, podemos dar uma olhada.

Foi uma resposta estranha, pensou dona Zilda, era como se o corretor fosse passar reto por aquela porta tão maravilhosa, que parecia esconder os segredos do Céu e do Inferno.

A chave que abria a porta estava no bolso da calça de Mauro, era uma chave grande e também com entalhes, e ele disse que ela não cabia no chaveiro junto com as outras.

Assim que a porta se abriu, Dona Zilda ficou maravilhada com a quantidade de livros que havia ali. O cômodo não era grande, mas havia muitos livros de capas antigas, em torno das paredes.

O lugar parecia um antigo laboratório, cheio de tubos de ensaio e vidros contendo fetos irreconhecíveis de animais cujas almas se esvaíram há muito tempo. Dona Zilda olhou vidro por vidro, livro por livro, e o lugar tinha um cheiro característico de formol e naftalina. Mauro andava nervoso, de um lado para o outro, e finalmente disse:

- Ele era médico. O antigo dono era médico.

Dona Zilda notou que o médico também era fã de poesia, pois havia papéis amarelados em cima de uma antiga mesa, mantidos ali por uma pedra perfeitamente redonda e esverdeada.

Nos papéis havia poesias sem assinatura e algumas com os nomes de seus respectivos autores, mas eram nomes esquecidos no tempo, nomes que poucas pessoas conheceram.

Dona Zilda continuou olhando o cômodo, e notou um quadro com a pintura de um homem. Ele era branco, cabelos castanhos até os ombros, e uma barda muito grande, que quase escondia seu rosto. Dona Zilda pensou que ele parecia um lobisomem, mas um belo lobisomem.

O quarto tinha hipnotizado dona Zilda, todos aqueles livros antigos dos mais variados temas, desde anatomia até filosofia e alquimia, tudo absorvido pela mente de um homem que jazia pendurado numa parede. Quem teria sido ele de verdade?

- Quando foi que ele morou aqui? -perguntou dona Zilda.

-Bem -disse Mauro sentando-se na única cadeira do lugar -ele morou aqui até 1983.

- Ele se mudou?

- Sim e não -  respondeu Mauro enquanto se levantava da cadeira como alguém que não quer prolongar o assunto.

- Então o que houve com ele? - perguntou Dona Zilda se sentindo irritada e impaciente com a falta de honestidade e profissionalismo do corretor.

- Bem... - e antes que Mauro pudesse responder, fora salvo pela campainha.

Antônio, o filho de Dona Zilda, estava ansioso durante sua aula de tênis para conhecer a tal casa da qual sua mãe havia falado. Sendo assim, saiu da aula o mais rápido possível e foi para o endereço do imóvel.
Enquanto dirigia, ele sentiu certa tontura, e parou o carro em frente a uma loja de antiguidades. O nome da loja era “Passado”, e ele riu devido ao nome óbvio, mas ao mesmo tempo original. Devido ao mal estar, Antônio resolveu entrar na loja para comprar uma garrafa d'água ou pedir um copo com água.

Assim que abriu a porta da loja, Antônio se deparou com uma senhora de uns 70 anos, muito bem arrumada, aparentando ser a dona:

- Olá - disse Antônio- você vende água?

- Oh me desculpe, mas não vendemos bebidas ou alimentos meu jovem, só coisas velhas, como eu.

- É que não estou me sentindo bem, acho que minha pressão baixou por causa do calor, poderia me dar um copo d´água?

- Claro! Só um minuto.

Antônio ficou olhando em volta enquanto a mulher foi buscar sua água, e sentia o ar fresco lhe secando o suor da testa. Assim que a mulher voltou com seu copo, ele comentou que estava indo se encontrar com sua mãe para ver uma casa que estava à venda naquele bairro. A mulher perguntou que casa era, e ele disse o número e a rua:

- Ah sim – disse a senhora animada – conheço a casa e o antigo dono. Ele era um homem muito inteligente, um médico renomado na cidade além de muito bonito, eu e as moças vivíamos criando situações e doenças param nos encontrarmos com ele, mas sempre foi em vão, era um recluso, e só saía de casa para trabalhar no hospital do centro.

- E ele se mudou por quê? – perguntou Antônio.

- Bem, ninguém sabe ao certo. Alguns dizem que ele fugiu devido ao escândalo com uma de suas pacientes, outros dizem que ele foi morto e sequestrado, mas a questão é que ele simplesmente desapareceu, e sua única parenta e sobrinha colocou a casa a venda depois de todos esses anos, pois tem certeza de que ele não voltará.

Antônio queria prolongar o assunto, mas seu celular tocou e era sua mãe dizendo para ele se apressar. Ele agradeceu pela água e se foi.

Assim que entrou na casa guiado pelo corretor, Antônio viu todos os cômodos até que sua mãe disse:
- Venha Antônio, você vai adorar isso! – e o puxou pelo braço até o tal quarto.

Ao contrário de dona Zilda, Antônio ficou horrorizado com o lugar. Todos aqueles livros empoeirados e vidros com estranhas criaturas, aquele cheiro de morte o nauseavam. Ele sentou-se à mesa cheia de papéis antigos e começou a lê-los. Um papel em especial chamou sua atenção.

Era uma folha mais grossa, quase uma cartolina, e diferente dos outros papéis, não estava amarelado, mas sim branco como novo. Estava completamente escrita, frente e verso, e havia alguns símbolos que Antônio não conseguiu reconhecer completamente, mas tinha uma ideia do que significavam:

- Mãe – disse ele enquanto examinava mais o papel – Eu acho que esse cara era satanista.

Dona Zilda se aproximou e pegou o papel em suas mãos. Ela olhou, olhou e olhou, até que começou a ler o que estava escrito:

E DOS TEMPOS PRIMÓRDIOS RETORNA O REI QUE JAZ SOTERRADO NO SUBMUNDO DO CERTO E ERRADO INEXISTENTES. ACOMPANHA TUA GLÓRIA ENQUANTO O SANGUE JORRA DA CABEÇA ESQUECIDA SOB A PEDRA DE FOGO...

E antes que Dona Zilda pudesse continuar, Antônio arrancou o papel de suas mãos:

- Pare mãe! Não vê que isso é algum tipo de invocação? Não leia mais isso!

Dona Zilda riu e virou-se para o corretor:

- Vou ficar com ela.

O corretor, que não parecia muito animado, disse:

- Muito bem, farei o contrato essa semana.

Dois meses depois, Dona Zilda e Antônio estavam morando em sua nova casa. Os móveis foram trocados, as paredes pintadas, fizeram um pequeno jardim nos fundos, e a cozinha havia recebido novos pisos e armários. O único cômodo que dona Zilda, depois de muitas discussões com Antônio, não moveu um único móvel, foi o quarto do antigo dono. Antônio queria queimar tudo o que tinha lá, e contou a sua mãe sobre o desaparecimento misterioso do médico, mas ela não lhe deu ouvidos, e disse que a casa era dela.

Meses se passaram e a paz reinava na nova casa, até que um dia, Antônio abriu a porta para ir ao mercado, e deu de cara com um homem prestes a apertar a campainha:

-Pois não - disse Antônio.

- Bom dia, dona Zilda mora aqui?

- Mora sim.

-Meu nome é Marcio, e ela me chamou pelos meus serviços, sou comprador de móveis antigos, um colecionador na verdade.

- Ah sim, pode entrar – disse Antônio enquanto abria a porta para o homem passar – Acredito que minha mãe irá vender os móveis desse quarto – e abriu a porta para o homem entrar.

- Com certeza – disse o homem olhando em volta como um cachorro olha alguém comendo um pedaço de carne.

Antônio desistiu de sair, e ficou fazendo companhia para o homem que disse estar muito interessado naqueles móveis, pois além de muito antigos, pareciam ter história.

Antônio não gostava de ficar naquele cômodo, algo o incomodava, parecia que o ar era mais grosso, difícil de respirar, então ele notou um anel na mão do homem que parecia ser feito da mesma pedra sob a mesa que segurava os antigos papéis:

- O seu anel é feito dessa mesma pedra? – perguntou Antônio enquanto mostrava a pedra ao homem.

- Parece que sim, ganhei esse anel de um velho amigo, não tiro do dedo desde então.

Antônio não quis estender o assunto, e perguntou ao homem o que exatamente ele queria comprar. Ele disse que gostaria de tratar do assunto com dona Zilda, e que voltaria mais tarde.

Mais tarde naquele dia, Antônio estava em seu quarto lendo um livro, quando a imagem do tal comprador lhe veio à cabeça. Sua mãe não havia avisado nada sobre comprador de móveis nenhum, e ele não havia falado com ela ainda naquele dia.

Assim que dona Zilda chegou em casa, por volta das três da tarde, Antônio foi a seu encontro lhe contar sobre o comprador:

- Ah sim meu filho, já tratei desse assunto por telefone hoje, a propósito ele vem para jantar.

-Quem vem para jantar, mãe? – perguntou Antônio perplexo.

- O comprador! O nome dele é Márcio – disse Dona Zilda enquanto abria a geladeira para guardar as frutas que comprara no mercado.

Antônio não quis retrucar e nem fazer mais perguntas, mas ele sabia que havia algo estranho nisso tudo.
Às exatas nove horas da noite, a campainha da casa de Dona Zilda tocou, e ela levantou-se do sofá animada para abrir a porta para Márcio.

Ele estava muito elegante, perfeitamente vestido para um grande evento como o Oscar, e como se ele fosse um indicado.

Dona Zilda deu um abraço longo e amigável em Márcio, e Antônio notou que ele não moveu um músculo sequer para abraçar sua mãe de volta. Aliás, Antônio não fez outra coisa durante aquele jantar, a não ser observar aquele homem tão estranho e que lhe parecia familiar.

Dona Zilda havia preparado um tremendo banquete: risoto de camarão, mignon ao molho madeira, batatas assadas, strogonoff e de sobremesa um cheesecakede framboesa.

Por mais saborosa que toda aquela comida parecesse algo no estômago de Antônio se revirava e ele não sabia o motivo. Por um momento ele achou que estivesse doente, ou ficando doente naquele instante, mas a verdade é que toda aquela situação o havia deixado muito desconfortável. Tudo parecia estar em câmera lenta: sua mãe rindo e dizendo alguma coisa ao Márcio, enquanto ele a olhava maliciosamente de um jeito sombrio e maníaco, e os dois levando à boca garfadas de batatas alternadas com mignon, e depois strogonoff enquanto bebiam vinho de umas taças que sua mãe havia comprado na semana passada, tudo isso como se fosse um curta-metragem em câmera lenta. Ele pediu licença para se retirar da mesa.
Antônio foi até o banheiro mais próximo dali, que ficava bem ao lado ao escritório do antigo dono. Assim que lavou o rosto e se olhou no espelho, sentiu o suor gelado escorrendo pelo rosto e percebeu que não poderia voltar naquele instante para a cozinha, e sabia que ele não iria fazer falta. Decidiu então se sentar no escritório.

Ele ficou ali sentado à mesa, olhando em volta e pensando no que poderia estar errado, e porque ele se sentia tão impotente em relação a isso.  De repente, como se alguém o tivesse sacudido para acordá-lo de um sono profundo, Antônio olhou para o quadro pintado do médico. E pronto. O médico era o comprador.
Eles eram idênticos, ele tinha certeza de que era a mesma pessoa. Ele lembrou-se então do que a dona da loja de antiguidades havia dito sobre o antigo dono ter desaparecido. Talvez ele tivesse voltado e estivesse especulando quem havia comprado sua casa, etc...

No mesmo instante, Antônio saiu de casa sem dizer nada, e foi até a loja conversar com a mulher. Enquanto dirigia ele se lembrou de que já era noite e talvez a loja estivesse fechada, mas por sorte as luzes estavam acesas.

Ele desceu do carro e bateu palmas, até que a mulher abriu a porta:

- Olá querido! Desculpe-me, mas já fechamos.

- Não se preocupe, não vim comprar nada, só queria conversar com a senhora, pode ser?

- Claro, entre.

A elegante senhora abriu as portas de sua loja, e trouxe duas cadeiras para que se sentassem:

- É o seguinte, dona...?

- Joana. Meu nome é Joana.

- Sei que vou parecer um louco, mas acontece que o médico do qual a senhora tinha me falado que morou na minha casa antes de mim, voltou.

- Como assim?

- Ele está em casa jantando com a minha mãe!

Assim que Antônio disse isso, dona Joana levantou- se da cadeira aterrorizada e começou a chorar:

- Você tem certeza do que está dizendo, filho? Oh meu Deus, que os anjos nos ajudem... – Antônio a interrompeu:

- O que a senhora sabe sobre ele?

- Então era tudo verdade – continuou dona Joana como se não ouvisse mais o que Antônio dizia – tudo o que as pessoas diziam e ninguém acreditava, tudo o que a minha Marcela dizia era verdade meu Deus, como pude ser tão cega?

Antônio esperou dona Joana se acalmar um pouco, e olhando para os fundos da loja avistou um galão de água, foi então até lá e trouxe dois copos:

- Escute meu filho – disse dona Joana – o que vou lhe contar é considerada uma lenda por aqui. Uma história de terror para assustar crianças.

- Eu moro aqui desde que nasci, cresci, estudei e me casei aqui. Conheço todos e sei de suas histórias, ou o que as pessoas comentam.

- O homem que morava na sua casa, era o renomado médico da cidade, doutor Ângelo Saperstein. Ele era um homem considerado muito culto, já naquela época ele havia viajado pela Europa e pelos Estados Unidos, falava russo e inglês, e era um solteiro incontestável. Todas nós queríamos saber o motivo de um homem desses ainda ser solteiro, afinal além de rico ele era muito bonito.

- Ele era o único hematologista da cidade, sendo assim todo mundo já havia se consultado com ele, ou conhecia alguém que havia. Um dia, fui consulta-lo e pedir para fazer um exame de sangue, pois estava me sentindo muito cansada sem motivo, e foi quando ele me disse algo que fez arrepiar meus cabelos: “Joana, você acredita no diabo?” Eu não sabia o que responder, afinal não é o tipo de pergunta que você espera ouvir de um médico, mas respondi” acredito que ele exista, mas não acreditaria em nada do que ele diz.” Então ele me respondeu” pois deveria, ele é um ótimo companheiro” e riu. Ele deu uma risada curta, mas alta, nunca me esqueci, e foi então que fui embora e nunca mais voltei lá. Depois desse dia as pessoas também começaram a contar histórias e fatos curiosos sobre Saperstein.

- Uma moça que trabalhava aqui, Marcela, trabalhava de vez em quando como faxineira na casa dele, e me contou uma história que eu nunca acreditei, até hoje.

- Ela me contou que estava no banheiro lavando o chão, quando ouviu vozes vindas do escritório de Ângelo. Ela disse que sabia não haver mais ninguém na casa além deles, e por um momento achou que fosse o rádio ligado, mas as vozes pareciam muito reais, e ela resolveu dar uma olhada no escritório. A porta estava fechada, e ela disse que abriu lentamente na esperança de que não fosse notada, e caso fosse, daria a desculpa de ter esquecido a vassoura por lá ou algo assim. Quando abriu a porta, ela notou que estava escuro e tinham muitas velas acesas. Saperstein estava sentado no meio da sala rodeado por pessoas com vestimentas pretas e encapuzadas, por isso ela não viu seus rostos. Eles cantavam uma canção estranha, em uma língua na qual ela não fazia ideia. Ela disse então que uma das pessoas que estavam na roda levantou-se e ficou de frente para o doutor que agora jazia ajoelhado. A pessoa disse alto e em bom som, como uma voz masculina um tanto quanto fina:

Bebei do meu sangue que será seu. A eternidade lhe acompanhará assim como o conhecimento e a maldição dos sete mares que jamais será desfeita. Traga-me 13 almas, assim como me trouxeram a sua e a escuridão reinará sobre nós. Viva Satã!

- Ela disse que após dizer tais frases, as pessoas tiraram suas vestimentas, e Marcela segurou um grito abafado e de horror, ela disse que as pessoas eram completamente deformadas, corcundas, horríveis, ela nem sabe ao certo se eram pessoas. O fato é que ela correu de lá e mudou-se da cidade após contar tal história e ninguém acreditar nela. Pobre menina. Agora corra, e tire sua mãe de lá.

Antônio andou o mais rápido que pode, e enquanto isso tentava ligar para sua mãe que não atendia ao telefone. Assim que chegou, ele entrou às pressas e encontrou sua mãe e Saperstein sentados na sala de estar, bebendo o que parecia ser um conhaque:

- Antônio meu filho, onde você foi? – perguntou dona Zilda tranquilamente, e Antônio notou o anel em seu dedo.

- O que é isso? – disse ele puxando o anel violentamente do dedo de sua mãe.

- Esse homem é o demônio! Saia da minha casa – e pegou o doutor pelo braço e o arrastou até a porta, jogando-o na rua.

- Você está louca! Como pode trazer esse homem aqui? – gritava Antônio enquanto sua mãe o olhava calmamente.

- Meu filho – interrompeu dona Zilda – não sei por que todo esse drama. Esse homem é um perfeito cavalheiro, conversamos a tarde toda e ele tem um conhecimento muito vasto sobre tudo. Agora ele se foi, provavelmente não volte mais, mas me deixou este presente – mostrou o anel – e me disse que fiz muito bem em ler o pedaço de papel que estava em cima da mesa quando viemos visitar a casa – ela riu. É um encantamento e tanto. Dona Zilda virou as costas e foi em direção ao seu quarto.

Quase um ano depois do ocorrido, dona Zilda foi visitar uma amiga no Rio, e nunca mais foi vista. Antônio ainda mora na casa, mas mandou fecharem o antigo escritório e queimou tudo o que havia lá.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

No Terreiro De Macumba




No terreiro que frequento, não se faz nenhuma prática religiosa que seja contra a caridade e a benevolência. Usamos da caridade para que em contatos com guias e entidades, as pessoas que passem por consultas, tenham um breve conforto nas situações as quais procuram receber orientações. São orientações que podem variar desde um banho de ervas para desiquilíbrios psicológicos e espirituais, como passes, conversas e etc...

Sabemos que nem todas as casa funcionam dessa maneira, existem muitos charlatões que cobram por aquilo que pessoas sérias fazem de forma gratuita, que verdadeiramente praticam a caridade. É muito importante ressaltar isso, porque quando se trata de cultos afro-brasileiros, até mesmo simpatizantes de assuntos "assombrados" podem pautar em suas interpretações um pouco de preconceito.

Da mesma forma que existe charlatões, existem também pessoas que sabem o que estão fazendo e utilizam de seu conhecimento para a pratica de desejos mundanos, comercializando assim vinganças, desavenças e todo o tipo de crueldade.

Certo dia, durante os trabalhos, os quais chamamos de "gira", onde os médiuns, incorporados de seus guias dão consultas e passes, aconteciam de forma normal.

A pessoa responsável pela coordenação de consulentes a adentrar ao recinto, chamava os números de senhas uma a uma, a pessoa era chamada, levantava, tirava os calçados e adentrava ao salão onde os trabalhos ocorriam e então assim seria atendida pelo primeiro médium que estivesse desocupado.

Lembro me bem desse dia, pois minha mediunidade é extremamente consciente, essa história de que as pessoas "apagam" quando incorporam é extremamente rara nos dias de hoje, porém é uma muleta para aqueles que ainda são inseguros e precisam afirmar que são inconsciente para que tenham mais segurança aos olhos de terceiros. As pessoas adentravam uma a uma a medida que iam sendo chamadas, caso fosse a primeira vez dela, ela seria encaminhada ao "guia-chefe" dos trabalhos, os guias do dirigente da casa.

Tudo estava normal até uma senhora entrar e ser encaminhada para o guia-chefe, era a primeira vez dela.

Essa senhora, estava com a barriga extremamente inchada, como a de uma gestante, andava com ajuda de outras pessoas, seus pés também inchados mau entravam no chinelo, a coloração dela era branca com tons esverdeados perto do pescoço, olheiras bem profundas e escuras, um semblante de puro sofrimento.

Assim que essa senhora ficou a frente do guia, era um Caboclo um índio, pediu para que arrumassem uma cadeira para que a mulher se sentasse.

Algumas coisas acontecem durantes os trabalhos, que são explicitas provas de que a espiritualidade é presente mesmo. Como que de forma organizada e como se todos os guias estivem em conexão, sem ser dita uma palavra, todos os caboclos, deixaram de atender os consulente que com eles estavam, orientaram que os mesmos voltassem na próxima semana, já desocupados, todos os caboclos que estavam presentes, posicionaram se numa "meia lua" atras da cadeira onde a senhora aparentemente doente estava sentada. Posicionando suas mãos (as mãos dos médiuns) em direção da cabeça, (atras da nuca), o caboclo chefe, entoava cantigos, e passava ramos de folhas e ervas na senhora.

A cantiga era assim:

"Katendê ÊÊ Katendê"

Katendê, é uma divindade cultuado no candomblé de origem Bantu, representa a força das folhas e das ervas.

Apesar de os trabalhos serem de umbanda, aquele caboclo estava cantando, e rogando a katendê a ajuda necessária para a ocasião.

Prontamente a senhora que alis estava sentada, começa a demonstrar espasmos de ânsia, porém sem nada a vomitar eles pararam conforme as ervas eram passadas em seu corpo. Então o seguinte dialogo acontece entre o Caboclo e ela.

- Fui a diferentes médicos, fiz diversos exames e nada me foi diagnosticado. 
- Não sou adepta a "macumbarias" (foi exatamente esse o termo utilizado), nem acredito em nada disso, mas diante do meu estado, essa é a única opção que me resta, fui em diversas igrejas, já tentei exatamente de tudo. 
- Meus órgãos estão inchados, meus rins não estão funcionando mais, tenho feito hemodialises dias sim e dias não.

Mediunicamente, digo por mim, que registei o ocorrido e incorporado, sentia um cheiro muito forte, um cheiro parecido com aquele que sentimos de jaulas no zoológico.

A senhora, foi relatando tudo o que estava sentindo por meses e o caboclo ouvindo pacientemente, enquanto ainda passava as ervas.

Após ouvir toda aquela lamentação, o caboclo pergunta a ela:

- Peço que a senhora, que nesses próximos minutos, entre em contato com Deus, e da forma mais sincera que se coração conseguir, reveja toda sua vida, preste muita atenção naquilo que no fundo do seu coração mais te incomoda. 

Enquanto a senhora fazia o que lhe havia sido pedido, o caboclo novamente passa folhagens e ervas nos braços e pés.

Passado alguns minutos, um choro compulsivo toma conta dela, ela havia encontrado em seu intimo aquilo que precisava.

E então o caboclo pergunta o por que estava chorando.

A senhora responde que quando ainda era moça, foi pivô de um desentendimento com sua irmã, por motivos banais os quais ela não queria revelar ali. E que desde então sua consciência nunca fora a mesma, por mais que essa sútil lembrança fosse enterrada no lodo do esquecimento do inconsciente, ela ainda ficou de certa forma viva.

O caboclo então perguntou a quanto tempo isso tinha ocorrido, e obteve a resposta que há mais 35 anos.

A entidade de olhos fechados, parecia estar visualizando todo o ocorrido e então começa a dizer.

- Não faz muito tempo, mas antes de adoecer a senhora visitou essa sua irmã ? 

Obtendo resposta positiva.

Então o caboclo pega metade de uma vela, passa pela barriga desta senhora, e diz, quando essa vela acabar o sofrimento da senhora estará terminado.

O mesmo pede para que todas as outras entidades sejam desincorporadas dos outros médiuns, logo após isso, o caboclo deixa a mulher sentada na cadeira com a vela em sua frente fixa ao chão e pede para que todos os médiuns vão para o salão de espera, o qual já se encontrava vazio, como acontece perto do encerramento.

O caboclo então fala, que aquele dia, ele ia precisar muito do discernimento e da fé de todos os presentes, que aquele seria uma das situações mais sérias que poderiam ter visto ali.

Ele explica que aquela senhora, comeu um alimento preparado por sua irmã, um simples bolo em sua ultima visita, esse bolo havia sido feito com o objetivo de prejudica-la, haviam ingredientes para isso e também havia sido "encantado" para isso. Nos termos comuns de terreiro "era um alimento rezado".

O objetivo daquilo tudo era fazer a irmã sofrer, sofre e sofrer com doenças e moléstias, porém que jamais conseguisse o alivio da morte, ela iria sofrer tanto que somente a morte conseguiria aliviar, mas o feitiço também consistia em mante-la viva para que o alivio nunca a alcançasse.

Todos chocados com a gravidade do caso e pela seriedade e teor de tristeza que o caboclo colocará na notícia, ouviram no outro salão aquele barulho de vômito e regurgitação.

A senhora estava vomitando e todos foram acudi-la. O que havia sido expelido dela, era muita água, com um cheiro muito forte. E logo após seus vômitos terminarem ela cai desfalecida.

Todos os médiuns, chamando e tentando reanima-la, sem nenhum sucesso. O caboclo, disse que iria cuidar daquela alma e que o sofrimento dela teria acabado, desincorporando de forma abrupta.

O médium dirigente, estava completamente perplexo, com tudo aquilo que estava acontecendo, voltando do transe, viu uma senhora falecida em sua frente, os médiuns desesperado e o familiar daquela senhora ainda mais desesperado.

Foi chamada a ambulância, onde os para-médicos, haviam confirmado o óbito. A policia civil e também a pericia, foi foram chamadas ao local, tudo foi investigado e também visto pelas câmeras de segurança que ficavam em todos os salões do terreiro. Não houve processos criminais, nem nada por conta do falecimento, ninguém foi indiciado, não sei o que constou como a causa da morte na autópsia no IML, mas só quem presenciou tudo isso sabe realmente como foi e o que foi.

Quando o Caboclo havia dito que quando a vela terminasse o sofrimento dela iria acabar, já sabia o que iria acontecer.

Foi um dia que nunca mais esquecerei.

A história é essa, sei que é um pouco forte. Caso não seja aprovada, terei o prazer de aqui escrever outras. 

domingo, 30 de setembro de 2018

Demônio Sexuais - Incubus





Eu fui casada por muitos anos, e fazem 5 anos que me separei e divorciei, fiquei muito triste com tudo isto e mais ainda pelas palavras grosseiras que ouvia do meu marido, tipo... vc é gorda, tem muitos seios, vc é burra etc.

Depois de dois meses dele sair de nossa casa, eu já não tinha forças nem para comer, me sentia um lixo, gorda, burra, mal amada, em fim tudo de ruim estava em mim.

Certa noite, eu estava meio dormindo, quando senti uma paralisia em meu corpo, senti nitidamente um homem, forte, senti seu corpo nu, em minha cama, senti suas mãos passando em meu corpo, ouvi claramente... vc é linda, gostosa, seus seios são deliciosos, fizemos amor a noite inteira eu fiquei sem saber o que fazer, acordei de manhã e estava com manchas em meu corpo pelos chupões que ele deu, eu com vergonha não contei nada para ninguém, e todas as noites eu esperava por este homem, eu não conseguia ver seu rosto, mas tocava em seu corpo, ele me fazia feliz, desejada, amada, mas que loucura, era um ser de outro mundo me namorando nas noites escuras, mas depois de um mês comecei a ficar doente, fui ao médico e nada foi encontrado, eu tinha uma tosse muito forte, foi feito até teste de tuberculose, pneumonia e nada, não achavam a razão de eu estar tão fraca, quase não conseguia sair da cama, ainda fui visitada por esta entidade, e eu não queria mais ele na minha cama, então veio a surpresa apanhei dele, meu DEUS, fiquei tão mal que precisei ser levada ao hospital, minha boca estava cortada com um murro, fiquei com hematomas de quem havia levado uma surra de um forte homem,meu filho foi acusado ele tem 25 anos, mesmo eu contando que alguém entrou na casa para roubar e me bateu, levaram ele para dar depoimento na delegacia, ele coitado de nada sabia, e ainda ele não ouviu nada, pois durmo no quarto longe dele, eu estava cada vez mais com medo, dormia com a luz acesa e com a porta aberta do quarto, colocava um rosário em meu pescoço, eu rezava todas as noites, era loucura, o homem carinhoso se mostrou um monstro e o pior que era minha culpa eu deixei ele me tocar, eu estava só, sem namorado, me sentindo solitária, e derre pente ele aparece e renova minha auto estima.

Meu outro filho estudava no ensino médio e precisava fazer aulas de ajuda, para recuperar algumas notas baixas no colégio, e sua professora de apoio, me chamou para falar como ele estava indo nas matérias, e de um outro assunto muito importante, marquei com ela e fui até o colégio.

Quando esta professora me olhou, ela se espantou, pegou na minha mão e me levou para uma outra sala, chegando la, ela me sentou em uma cadeira e começou a rezar e a falar uma língua estranha que eu não entendi, logo ela me olhou e falou, que eu estava sendo perseguida por uma entidade sugadora, que se não fosse detida logo eu morreria, ela viu ele com o meu filho uns dias antes mas achou que ele estava só de passagem, mas agora ela sabia que ele estava roubando nossa força vital, ela é espirita cardesista, frequenta a mesa branca e recebe uma entidade boa.

Ela foi na minha casa e nos levou eu e meus dois filhos para o centro espirita da minha cidade, e la fomos aconselhados a rezar muito, e eu aprendi uma palavra que não posso contar pois serve só para a minha proteção, pois cada vez que este ser,  aproxima se  de mim eu falaria esta palavra e enviaria ele para o inferno, muitas pessoas o chamam de súcubos, eu o chamo de demônio que suga nossa vida, ele nos quer, ele se alimenta de nossa vida, de nossas fraquezas, de nossa depressão, nossa tristeza e tem mulheres que morrem, deitam a noite e não acordam mais vivas e são diagnosticadas como infarto fulminante mas na verdade eram visitadas por este demônio, eu sofri dois anos, com este demônio, eu fiquei com sequelas, não durmo mais com a luz apagada, rezo muito, tenho com ele, tenho medo, vou sempre no centro espirita para ver se o médium o vê ao meu lado, mas esta tudo bem, eu peço que rezem por nós, e uma dica para as mulheres que já foram visitadas por este ser, ele mente, ele nos usa e suga nossa vida, e nos mata. 


Anônimo 

sábado, 29 de setembro de 2018

Relatos Sombrios: Ela Dançou Com O Diabo


Vou escrever aqui um relato que minha mãe me contou, ela não gosta muito dessas coisas sobrenaturais e até por isso mesmo, ainda hoje tem pavor quando lembra desse caso. Ela disse que muito não acreditam.

Minha mãe e toda sua família é do Rio Grande do Norte, e ela lembra de quando ela ainda era moça, que ela mesma ia para muitas festas, e lá festa era o que não faltava, e uma vez minha avó contou que lá tinha uma moça que era muito festeira, se deixasse ela ia todos os dias, e certo dia, numa sexta-feira tinha uma festa que ela não podia perder , e a mãe da moça brigou dizendo que ela não ia, a moça muito nervosa disse que ia de qualquer jeito e se bobeasse ia dança com o Diabo :o ..... e assim ela foi, minha avó disse que na festa chegou um moço muito elegante que todos pararam para ver, e ele foi bem em direção á ela, e os dois dançaram a noite toda, ninguém nunca havia visto aquele rapaz lá, e ao subir em seu carro a moça foi atrás dele e perguntou seu nome, bom ele disse "Sou aquele que você prometeu dançar a noite toda hoje" a moça disse que não estava entendendo, então ele completou "Sou o Diabo".



Minha avó disse que a moça desmaiou, foi para o hospital e ao acorda ficou desesperada dizendo que havia dançando com o Diabo. Parece que ela ficou muito tempo internada numa clinica e se alguém perguntasse sobre o que houve naquele dia ela pirava. Minha avó ainda falou que as pessoas que estavam na festa se lembram da dança dos dois, porém ninguém lembra o rosto do tal rapaz.

Minha mãe sempre sentiu duvida se isso foi só para ela se aquietar em casa e não sair tanto ou não, porém minha avó nunca foi de mentiras ou historinhas para assustar, e essa história é muito conhecida lá.

Em um outro que ela presenciou  numa missão onde normalmente todos vão, e um bêbedo falou algo sobre "o coisa ruim", minha mãe disse que na hora teve uma ventania, e apareceu um cara que não podiam enxergar direto, porém ele xingava muito e passava muito pavor, todos compeçaram a correr, ela disse que minha tia na correria até perdeu um sapato. Foi a pior experiencia dela. 

Anônimo.

Robert Johnson: O Pacto Na Encruzilhada


Robert Leroy Johnson, (1911-1938) foi um cantor, guitarrista e compositor americano de Blues. Foi um dos mais influentes músicos do gênero e inovador em sua forma de tocar. Seu trabalho é marcante,  o estilo de execução com riffs elaborados, transformaram-no em um marco na história do Blues.
 Ficou em quinto lugar no ranking dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos da revista Rolling Stone. Influenciou diversos músicos como Bob Dylan, Muddy Waters, Eric Clapton e Jeff Back, além de bandas como Led Zeppelin e Rolling Stones.
Johnson que já foi chamado de "King of the Delta Blues" gravou apenas 29 músicas em 1936 e 1937, no Texas. Enquanto vivia em Robinsonville, conheceu outros cantores de blues, que influenciaram seu estilo inicial. Entre estes estão Son House e Willie Brown. 

O pacto com o diabo

Sua história de vida é repleta de mistérios e lendas. Pouco se sabe da vida do músico, duas fotografias são conhecidas dele e teve uma breve carreira morrendo com 27 anos de idade. 
Existe uma lenda, em que se fala que ele conheceu o diabo em uma encruzilhada à meia-noite e fez um acordo para vender sua alma em troca de se tornar o maior músico de blues de todos os tempos. Acredita-se que ele ficou a espera do capeta na encruzilhada de duas rodovias. A meia-noite, o diabo em forma de um homem apareceu para afinar seu instrumento.


Era comum lendas e histórias demoníacas na época, envolvendo o blues que era primordialmente música feito por negros americanos, da região sul dos Estados Unidos. Algumas de suas canções como "Me and the Devil Blues", "Hellhound on my Trail" e "Crossroad Blues" reforçam a idéia e fomentam a fantasia.
Essa história é o tema do filme Crossroads, de 1986, inspirado neste lendário músico de blues. O filme foi escrito por John Fusco e dirigido por Walter Hill e contou com uma trilha sonora original com Ry Cooder e Steve Vai.

A Morte  

Embora as causas de sua morte sejam incertas, é geralmente aceito que sua morte não foi acidental. A história que contam relata que foi vítima de envenenamento por estricnina, inserida no seu wiskhy, supostamente preparado por alguém que havia ficado enciumado por Johnson ter flertado com sua mulher. Morreu no Mississippi  no dia 16 de agosto de 1938. Há outras histórias como a de que havia morrido de sífilis, ou assassinado por arma de fogo. Mas o mais provável é a hipótese por envenenamento. Existem relatos que falam que em seu atestado de óbito havia apenas escrito "No Doctor" como causa da morte. 

Mesmo tendo gravado apenas 29 canções, seu impacto no mundo da música tem sido incrível. Muitos o consideram o pai do rock and roll moderno. Sua música vive através de suas gravações. A Columbia Records lançou uma compilação em 1960. Em 1990, uma caixa de CD duplo com  todas as suas composições foi produzida e mais de um milhão de cópias foram vendidas. Johnson continua influenciando muitos músicos de blues, velhos e jovens, nos Estados Unidos e ao redor do mundo.


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Contos Sombrios: Corpo Seco


Á ultima casa da rua escondia um mistério, era muito estranha e depois que o pai e a mãe do homem que ainda vivia lá tinham morrido, tudo tinha se transformado em um lugar sombrio, as plantas já não tinham vidas, pareciam secas, sem folhas, pássaros e outros animais não circulavam por perto dela.

As noites eram longas, os gritos de agonia deixavam todos na vizinhança acordados, ninguém se arriscava a ir lá saber o que estava acontecendo, sabiam que aquele homem era maldoso, era o responsável pela morte da mãe e do pai, tinha causado desgosto e os maltratou até a morte.

Em uma noite fria e chuvosa, os gritos cessaram e não se ouvia nada, foi à noite mais tranquila dos últimos anos. No dia seguinte os vizinhos desconfiaram, a movimentação na casa parou, mas ninguém tinha coragem de entrar e descobrir o que tinha acontecido.

O silêncio foi tomando conta, não se ouvia qualquer barulho que chamasse atenção, os vizinhos não tinham mais desculpa, tinham que saber o que aconteceu naquela velha casa sombria. José Alves e Luiz Gomez decidiram entrar para verificar e dar uma reposta aos vizinhos que já estavam aflitos com a situação.

Depois de vasculharem toda casa encontram o homem morto, pelo estado do corpo parecia que tinha sofrido muito, a posição do corpo era de quem tinha agoniada por muito tempo com dores ou um demônio se empoçando de sua alma.

Apesar de sua história de maldade, os vizinhos em consideração aos seus pais foram enterrar o corpo, uma discussão foi feita e a população da pequena cidade não queria aquele defunto enterrado no cemitério aonde seus familiares já se encontravam, e a única solução seria enterrá-lo debaixo da grande árvore próximo a sua casa, a qual já se encontrava totalmente seca. Sua imagem era atemorizante, seus galhos secos em noites de lua cheia formavam figuras que assustava todo mundo que passava por perto por se tratar de um caminho que dava acesso à pequena rua da cidade.

Em um fim de tarde foi feito o enterro. Poucas pessoas acompanharam. Depois da ultima pá de terra jogada em sua cova embaixo da grande árvore seca, um raio cortou o céu como se pronunciasse um temporal, mas as nuvens não estavam carregadas.

Na mesma noite alguns moradores ficaram observando se alguma coisa poderia acontecer, pois os raios ficaram frequentes e isso deixou muitos desconfiados, pois seria uma coincidência depois de um dia tranquilo o tempo mudar de uma hora para outra, mas nada aconteceu de anormal.

Depois de vinte e um dias, um filete pequeno de névoa formava-se em um espectro enquanto saia da cova ganhando altura até os galhos secos da velha árvore, depois ganhou o céu e sumiu entre as nuvens escuras. O mesmo vento que a levou a trouxe de volta, o céu tinha rejeitado aquela pobre alma, sua maldade na terra tinha sido tão grande que foi recusado.

A terra em volta da grande árvore seca se estremeceu, o céu ganhou uma cor tenebrosa, uma leve chuva começou a cair seguida de raios e trovões assustadores.

O espectro agora viajava para as profundezas do inferno percorrendo um caminho longo, não demorou muito e novamente a terra se estremeceu em volta da velha árvore seca.

O inferno também rejeitou aquela alma, o diabo não queria concorrente em seu território sabendo das maldades do homem que tinha causado a morte do pai e da mãe.

A terra em volta da grande árvore seca novamente se estremeceu, agora com mais intensidade, numa reação estranha começou a se revirar, como se tentasse expulsar algo de sua profundidade. Não demorou muito um corpo começou a sair até ser expulso em sua totalidade.

Numa reação espontânea, todo tempo mudou, o céu escureceu e ficou carregado, os raios intermitentes ganharam o céu e riscavam a escuridão clareando alguns pontos. Em cada raio a grande árvore ganhava uma forma assustadora revelada pela luz, a terra em sua volta parecia viva.

O tempo de repente parou tudo em volta ficou em silêncio, as nuvens carregadas pararam no céu, a chuva cessou os raios também cessaram. Em meio à terra toda remexida um corpo começa a se erguer até ficar de pé e em um clamor penoso falou:

Por que estou vivo, olha meu corpo todo em decomposição, todo seco. – Fui rejeitado no céu, o inferno também me rejeitou e até a terra não quis me decompor, por que isso estar acontecendo comigo. – Diz o Corpo Seco em um tom de voz penoso.

Tua alma esta condenada, tua maldade foi muito grande, mataste teus pais, isso é uma coisa que nem o diabo fez como poderia receber uma alma tão má. – Diz uma voz que desce do céu.

- E agora como vai ser a terra também rejeitou meu corpo, minha carne não apodreceu, ficou seco, o que vou fazer. – Diz Corpo Seco tentando uma resposta.

Você vagará pela terra e pagará pelos seus pecados, a partir desse momento você não pertencerá a nenhum de nós, os quatro elementos não serão responsáveis por sua decomposição e apenas outro ser que renasceu após a morte poderá te destruir. – Diz a voz vinda do céu explicando sua sina como zumbi seco vagante na terra.

Em uma reação de raiva e ódio, Corpo Seco se ajoelha embaixo da grande árvore seca e emite um grito que ecoa por todos os cantos anunciando sua ira.

A cena é arrepiante, uma noite fria, o céu carregado, raios caindo do firmamento cortando a escuridão enquanto suas luzes formam figuras assombrosas em contraste com os galhos da velha árvore que parece ter vida.

Em um aspecto tenebroso Corpo Seco se aproxima da velha árvore e a circula marcando lugar o qual aguardará suas vítimas se aproximar ou passaram pelo caminho para sugar seu sangue e os transformarem em corpos secos com a sua semelhança e maldade.

Desconhecendo os perigos da noite, três jovens com uma garrafa de bebida passando de um para o outro dar um gole e em suas mãos um cigarro de maconha que tragado ilumina a noite revelando sua localização, se aproxima da grande árvore seca.

O mais drogado observa a grande árvore e fala:

O que essa velha árvore estar fazendo aqui, não tem folha, não dar frutos, só tem esses galhos secos, não serve para nada, vamos tocar fogo em seu tronco para vê-la cair. – Diz sorrindo.

- É mesmo, vamos tocar fogo nela, não serve pra nada. – Diz o outro drogado sorrindo com euforia.

Vamos juntar uns gravetos pra o fogo pegar melhor. – Diz o outro empolgado com a ideia.

Quando um dos drogados começa a pegar os gravetos sente um peso enorme em suas costas, como se começasse a carregar outro corpo. Nesse instante um fedor de carne podre começa a tomar conto do lugar. Corpo Seco sem piedade consome seu sangue deixando-o a sua semelhança.

Isso aconteceu com um por um, sem que tivessem qualquer reação. Naquele momento uma legião começaria a ser formada por zumbis de corpos secos liderados pela pior alma conhecida até aquele momento, o assassino algoz de seus pais, agora denominado Corpo Seco.



Entrei na Deep Web

Deep Web é uma das coisas mais incríveis do mundo. Não é por causa das coisas doentias que podemos encontrar lá, mas porque é um...